O talento que você enterrou ainda pode frutificar
- 28 de mai.
- 8 min de leitura
Culto de 25/05 com Pastora Alina – Missão Pampulha Getsêmani
No último domingo, a Missão Pampulha Getsêmani viveu uma noite de ministração marcante e delicadamente transformadora. A pastora Alina, com seu jeito leve, autêntico e repleto de fé vivida, entregou uma palavra que tocou fundo — não pela eloquência, mas pela verdade que só quem já sangrou sabe carregar.
Não foi uma pregação. Foi um chamado. Um espelho. Um reencontro com dons esquecidos e com a coragem que a gente muitas vezes esconde até de Deus.
🌬️ A oração que prepara o solo
Antes mesmo que a pastora Alina assumisse o púlpito, o culto já havia sido marcado por um momento especial: a oração feita por seu marido, o pastor Romero, intercedendo por ela com intensidade e autoridade espiritual.
Ele clamou por paz, repreendeu todo nervosismo e declarou que o Espírito Santo tivesse liberdade para agir naquela noite. A igreja, unida em fé, respondeu com “améns” e corações abertos.
Foi mais do que um gesto de cuidado — foi um ato profético de cobertura e liberação. A oração não apenas preparou a pastora, mas preparou também o ambiente, como quem ara a terra antes da semente.
Ali, ficou claro: o que viria a seguir não seria apenas uma pregação. Seria uma visitação.

👧🏼 Uma infância marcada pelo invisível: o lobo na janela, Deus no comando
Com sinceridade e humor, a pastora Alina compartilhou uma memória vívida da infância — daquelas que a gente jamais esquece porque, mesmo tão cedo, já carrega o peso da eternidade. Ela contou que desde muito nova, ainda com dois, três anos, vivia experiências espirituais intensas. Via figuras malignas no quarto, especialmente um lobo, que aparecia com frequência na janela ou por debaixo da porta. Às vezes, acordava gritando. Outras, alertava a mãe:
“Mamãe, ele chegou.”
A mãe, assustada, fazia campanhas, convidava pastores, chamava intercessores. Nada parecia resolver. Até que um dia, durante uma vigília no monte, Deus usou uma irmã para entregar uma palavra ao pai de Alina:
“Quem tem que orar para esse demônio sair é a sua filha.”
O pai, surpreso, respondeu:
“Minha filha? Mas ela só tem três anos!”
Ao chegarem em casa, a mãe sentou com a pequena Alina e pediu que orasse. E o que saiu da boca daquela criança não parecia vir de uma menina — parecia vir de alguém que já conhecia o céu de perto. Foi uma oração de autoridade, firme, intensa. Tanto que a mãe chegou a duvidar:
“Essa não é a Alina orando.”
Naquela noite, ela dormiu tranquila pela primeira vez depois de muito tempo. E quando acordou no dia seguinte, a mãe, surpresa por também ter dormido sem interrupções, correu até o berço e perguntou:
“Alina, cadê o lobo?”
Ela respondeu com uma serenidade sobrenatural:
“Ué, mamãe… você não viu? Deus veio, amarrou as patas do lobo, fechou a boca dele e enterrou ele!”
A igreja riu com ternura, mas o que ficou foi mais do que uma boa história: foi um lembrete vivo de que Deus não espera idade para agir através de alguém. Ele não escolhe os prontos — escolhe os dispostos.
Desde ali, Alina aprendeu a pedir: “Senhor, me mostra o que eu preciso ver, mas me deixa só perceber — não deixa eu ver com os olhos naturais.” E assim seguiu, colecionando experiências espirituais ao longo da vida — não como quem as busca por espetáculo, mas como quem entende que o espiritual é real, e que a autoridade de Deus não depende de idade nem de currículo.
📖 Quando a Palavra acerta o ponto exato: Mateus 25 e os talentos enterrados
A base bíblica da noite foi a parábola dos talentos, em Mateus 25 — e a forma como a pastora Alina a apresentou foi tudo, menos teórica. Ela não interpretou o texto como quem observa de fora, mas como quem já esteve dentro dele, com a pá na mão, enterrando o que recebeu de Deus.
Com honestidade surpreendente, ela contou que sempre teve dificuldades em sustentar o que Deus colocava nas mãos dela. Não por falta de fé, mas por excesso de medo. Medo de falhar, de ser rejeitada, de não corresponder à expectativa do Céu.
Desde adolescente, passou por diversos ministérios: juventude, louvor, teatro, dança… sempre envolvida, mas sem permanecer. Sempre havia um ponto em que o medo gritava mais alto do que a vocação.
“Tudo o que Deus me dava, eu enterrava. Porque eu achava que não era suficiente. Que eu não conseguiria fazer do jeito certo. E se eu fizesse malfeito? E se as pessoas me julgassem? E se o Senhor se decepcionasse comigo?”
Ela falava de si — mas falava de todos nós.
A pastora chamou atenção para o fato de que o Senhor da parábola entregou talentos segundo a capacidade de cada um. Isso muda tudo: se Deus te deu, é porque Ele sabe que você pode multiplicar. Mesmo que seja um. Mesmo que pareça pouco.
E foi além. Trouxe à tona os dons silenciosos, que raramente recebem aplauso: o dom de visitar, de ouvir, de acolher, de aconselhar. Quantas pessoas têm o dom de ir a um hospital e encher o quarto de glória com uma simples oração? E quantas enterram esse dom porque acham que “isso é pouco”?
“Você queria cantar como fulano? Queria pregar como ciclano? Mas Deus te deu outro talento. E você enterrou porque achou que era pequeno demais. Mas foi o Senhor quem te entregou. E Ele espera que você faça algo com isso.”
A parábola virou espelho. E muita gente se viu segurando uma pá — mas ainda em tempo de desenterrar.
🍋 Manga coquinho, limão bravo e os frutos que revelam quem somos
Num dos momentos mais descontraídos da noite, a pastora Alina usou uma metáfora cheia de graça — e graça com verdade fere menos, mas cura mais. Ela comparou nossa vida com árvores frutíferas e, com muito bom humor, fez a igreja rir ao imaginar o que cada fruta pensa de si mesma.
“O pé de limão deve achar que é a melhor fruta do mundo”, disse ela, “mas ninguém descasca limão pra chupar como faz com uma manga. A gente usa o limão pra suco, pra chá quando está gripado, pra temperar carne. E ele se acha.”
Logo depois, veio a clássica manga coquinho. “Ela deve se achar a rainha das mangas. Mas só quem já tentou chupar uma manga coquinho sabe o sufoco que é tirar os fiapos dos dentes. Quem usa aparelho nem pode sonhar em chegar perto.”
As risadas preencheram o templo, mas o recado estava dado: não é sobre o quanto você parece doce ou importante — é sobre o que você está produzindo.
“A árvore boa dá fruto bom. A má, dá fruto ruim. Mas tem árvore que não dá fruto nenhum. E essa, a Bíblia diz que é cortada e lançada fora.”
A provocação foi suave, mas certeira: será que não estamos achando que somos algo que não somos? Será que não estamos exagerando a aparência da nossa espiritualidade enquanto faltam frutos que realmente alimentem alguém?
Não é sobre fazer barulho no culto. É sobre o que as pessoas colhem de nós lá fora — nas conversas, nas atitudes, nos bastidores da vida. Porque no fim das contas, o fruto não é para a árvore — é para os que têm fome.
🩺 Um milagre que não pode — e não deve — ser calado
A atmosfera do culto já estava intensa. Mas quando a pastora Alina começou a contar seu testemunho de cura, o que se ouviu não foi só uma história — foi um milagre narrado por quem viveu o vale e saiu dele com os olhos ainda cheios d’água, mas o coração tomado por gratidão.
Ela contou que por anos enfrentou uma verdadeira batalha contra o próprio corpo. Foi diagnosticada com fibromialgia, retocolite ulcerativa e uma condição grave e rara no fígado chamada colangite esclerosante primária — uma doença autoimune, degenerativa, sem cura, e que a levaria inevitavelmente à fila de transplante. “Estava tudo estragado”, ela disse. “Intestino, fígado… tudo.”
Era um sofrimento silencioso. Ela ia parar no hospital frequentemente, e os médicos muitas vezes não sabiam como lidar com o quadro. “Plantonista não entende doença inflamatória intestinal. Me davam soro e diziam que era virose. E eu só pedia: ‘me deixa tomar o soro e ir embora’. Porque era só isso que eu precisava.”
Ela falou também sobre os convites recusados. Os churrascos, almoços, encontros em que preferia não ir — não por arrogância, mas pelo medo do constrangimento. “Como explicar que, do nada, eu ia ter que sair da mesa no meio do prato pra ir ao banheiro? Já escutei que eu era nojenta. Já ouvi de tudo. E doía.”
Então ela relatou o dia em que tudo mudou. Era 10 de abril de 2022, culto na Missão Pampulha Getsêmani, campanha Recebereis Poder. Ela estava no altar quando ouviu Deus falar com clareza:
“Hoje, Eu estou te curando de corpo inteiro.”
Sem precisar de confirmação médica ou evidência externa, ela creu. A fé dela pulou para os pés — e para o estômago. Saiu do culto e foi direto comer um hambúrguer: “Com muito bacon!”, contou, rindo. “Pedi caprichado mesmo. Porque eu sabia que estava curada.”
Mas ela também confessou: depois da festa, veio o ajuste. “Voltei no médico e meu colesterol estava alto. Aí falei: ‘Doutor, você vai ter que entender. Eu fui curada. Agora estou reaprendendo a comer!’”
O milagre, no entanto, não era só sobre comer. Era sobre viver. E, principalmente, sobre testemunhar.
“Qual seria o sentido de Deus me curar, se eu fosse guardar isso só pra mim? Milagre escondido não glorifica o nome Dele. Ele me curou pra que o nome Dele fosse glorificado.”
A igreja ouviu em silêncio, tocada não só pela cura, mas pela forma como ela foi compartilhada. Porque fé verdadeira é essa que sobrevive à dor, floresce na vulnerabilidade e, quando curada, faz questão de gritar do alto: ‘Ele fez isso por mim!’
🤲 Obediência sem pesar: leveza na prática da fé
Com base em 1 João 5:2-3, Alina nos lembrou que os mandamentos do Senhor não são penosos. O que Ele pede nunca é acima da nossa capacidade — e se parecer impossível, é porque tentamos fazer sozinhos.
Ela brincou que até para cantar bem, é bom ajudar o Espírito Santo e fazer uma aulinha. Porque fé não exclui esforço, e dom não é desculpa para irresponsabilidade.
E mais: “Não é para o pastor, nem para o líder. É para o Senhor.”
Quando esquecemos para quem fazemos, a fé vira cobrança. Quando lembramos, ela vira culto.
🫶 O chamado: Deus quer formar um exército
O encerramento veio como um sopro de coragem.
O pastor Aldo reforçou a mensagem com palavras firmes e afetuosas. Contou que, certa vez, um jovem o procurou dizendo que queria servir na igreja, mas nunca deu o primeiro passo. Anos depois, voltou reclamando que nada em sua vida havia mudado.
“Não é mágica. É movimento. É obediência. É disposição. E isso não tem a ver com tempo ou cargo. Tem a ver com coração.”
A igreja foi chamada a reconhecer que ninguém está vazio. Ninguém está sem talento. O que falta, muitas vezes, é coragem para começar.
E se você só tem uma hora por semana, comece com ela. O que não dá mais é para continuar enterrando aquilo que pode alimentar o Reino.
🌾 Frutifique. Porque esconder talento nunca foi plano de Deus.
Se você chegou até aqui com o coração inquieto, talvez seja hora de desenterrar o que ficou guardado. Talvez seja tempo de dizer sim — ainda que com medo. Ainda que pareça pequeno.
Porque no Reino de Deus, o pouco nas mãos certas se transforma em milagre. E o fruto que você gerar pode ser exatamente o que alguém ao seu lado está esperando para não desistir.
📍 Missão Pampulha Getsêmani
Av. Otacílio Negrão de Lima, 7036 – Pampulha, BH/MG
Você não é só mais um.
Você é uma árvore plantada por Deus — e está na hora de frutificar.




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